Fragilidade Fragmentada!

E a real idade é essa, envelheci.
A realidade é dura, já entendi.
Quero ver a cidade com os olhos de poesia.
Quero veracidade na história da minha vida.
Sê meu enfim...
Semeio palavras
Sem meias palavras

Amar é assim, loucura absoluta.
Rosa com espinhos
Rosa como lagosta
Um sopro vem e muda tudo como le gusta!
Cores misturadas, mais azuis,
Como um quadro de Dali
Da liberdade de ser...
De certezas, asperezas
É mar, é cheia, é maré braba...

Barbas de molho.
Dementes corações, de mentes perturbadas.
Dores de alma, odores de lama.
Um coração que é quadro de cortiça.

Fragmente_se muito ao invés de verdades.
Clareia idéias turvas, na clareira da escuridão...
Lúcida, súbita, estúpida...
Luz pra confusão!


Nó em nós...

"Abriga-te em mim, esconda a minha vergonha.

Mora em ti o aroma selvagem de mil ninfas

Enterre sementes e semeia-me a vida!

Ofereça-me tua carne quente em leve arrpeios

Não fujas, não saias, permaneça...

Lance-me ao centro
Que lhe trarei novos sabores e pequeninas
histórias colhidas nesse vasto mundo .

Entre agora, entre as pernas, entretanto...

Entre as retinas, entre teu lábios, dentro de ti
Oh vasto labirinto de delícias e perdição...

Exagere na força, agarre-se a seiva.

Sopro um vento sutil, leve e lascivo
Recrio o orvalho e trago nos olhos a luz
Que fará renascer tua pele em flor...
Na fome da matilha de homens livres


Grite verdades, explore meus silêncios.

Teu silêncio evoca mil melodias,
Sons de taças em brinde,
Aromas de paixões errantes
E saborosamente envelhecidas .

Seja meu, acalantado amor.

Febril e juvenil
Fui teu em uma estação
Mas em outras tantas
Meu querer pernoitará
Em todo teu ser
E quebrará as correntes
Que me predem ao medo.
De luz, desejo e anseio
Será feita a carruagem do teu destino
Teu corpo nú correrá
Pelos desertos insanos
Do meu delírio


Não me deixe na fria noite, desnuda de teus quereres.
Se queres mandar, eu obedeço
Se te desejo, te quero avesso.
Peça-me o pecado, e te darei na boca.

Não me basta o pecado
Não me basta tua boca
Ou tua muda obediência
Me servirei da sua terna, faminta e suave lúxuria
Serás a taça que embreagará
Todos meus sonhos lúcidos e secretos
Sirva-me teus venenos...


Aposte nos jogos que te proponho...

Venha até minha morada, taberna medieval.
Eterno e breve será o tempo,
Em que meu corpo deslizará
E voará dentro do seu .

Subo-te, és meu cavalo,
Cavalgar, jogar, enlouquecer e eternizar o
Tabuleiro de sensações.

No alvo exposto, aponte a tua seta.
Lança-te a meta
Pontua, e me acerta,
Mantenha-me na reta.

Marque as cartas, não meu corpo
Deixa-me decifrar teu sabor, teu latejar
Devora-me enfim, vamos jogar...
Excitação o jogo vai começar."

Aquarellia

Entende agora como são as coisas?
A vida minha é assim...
Como tardes inesperadas.
Horas improváveis, encontros desencontrados,
Passos desmarcados e quereres indomáveis.

Não há roteiro, não tem regra
É repentino, grandioso e não me pertence mais...

É assim que começa,
Posso perceber tudo desde o início
Pode ser que não seja certo
Pode ser que não desse jeito
Mas eu não quero só acertos
Só não quero marcar com erros.
e o tudo é uma soma de sós...

E vou seguindo, acertando, errando e tentando...
temendo, sentindo, semeando...
Arrisco, me exponho e cutuco onças
Depois eu cato meus caquinhos.
Na selva eu vim pra pintar!

Um quadro, um esboço, ou seu sorriso...
Pincéis, luvas e beijos...
Tintas, cores e texturas...
Colorindo minha loucura, sigo de pé frente ao cavalete!
Me dá a mão?

crônica


Há um tempo atrás
não eram bem assim esses acontecimentos.
Estar na ponta da modernidade,
não era mesmo admitir o tempo.

Estar a mercê das horas
isso é coisa nossa
Antes, importava o agora?
E agora que a coisa é nova?

Meu relógio tão particular.
Acertando os ponteiros da minha história

Viver sem congelar uma imagem
Não permito, guardo na memória.

Moderna e provinciana
Camponesa de selvas musicais
Mundana do espaço meu.
O tempo é meu
Meu ritmo é sincopado

Um coração acelerado
Meu jeito é estranho
Meu Deus, o que há de errado?

Meu bom dia, é de noite...
Minha ida é bem na volta que o mundo dá.
Meus amores são frutas salgadas
Um absurdo particular, lento e constante!

Agora é pura rima.
Dizer o que eu penso,
Sentir minhas agruras...
Antigamente seria loucura.

É a missão da amazona atemporal
que se apresenta na sua cena,
dirigir a carruagem,
guiar os peões.
Tomar as rédeas do alvorecer...
e adormecer nesse novo mundo.

Desliguei o despertador
!

Allegria Parallella!

Paralela
Par a ela
Para lê-la
Para ela
Para Ale lá...
Paralelilás.
Paralelamente.
Para ela mente
Pára e lamente...
A mente dela.
Vai
Volta
Voa
Vil
Balela
Bala
Bela
Boca
Doce de donzela...
Ela é seta, reta, e paralela!

Recomeço...( não sei o autor)

"Eu permito.
Sem considerar nenhum outro desejo que não o de agora.
Sem considerar nenhum passado entre nós ou qualquer possibilidade de futuro.
Permito.
Entrego confiando nos teus olhos todos os passos que nos permitimos até aqui.
Onde zeramos nosso antes e interrogamos o nosso depois.
Aqui eu tiro a roupa dos dias e exijo a tua nudez de mulher e o vermelho da tua boca, a maciez da tua pele, os pêlos na desordem do corpo, os traços e volumes e os músculos e nós.
Nós, a soma do eu e do tu.
O plural, transbordando o copo, o olhar duplicado, as diferenças, a vida comum refletida pelo espelho dos olhos do outro, o elo de qual ligação nos deu o laço de qual sapato, de qual coração vagabundo leviano estamos falando?
Eu permito.
Sabendo de tudo o que eu sei até aqui e ignorando essa trajetória para começar um novo começo.
Porque é preciso desaprender de quando em quando, zerar para uma nova temporada, limpar a pista para um novo desfile, cada pessoa é um novo começo.
Não pense que não..."

A Balada do Cachorro Louco - Lenine

"...eu posso até não achar o seu coração
e talvez esquecer o porquê da missão
que me faz nessa hora aqui presente
e se a minha balada na hora h
atirar para o alvo cegamente
ela é pontiaguda
ela tem direção
ela fere rente
ela é surda, ela é muda a minha bala,
ela fere rente
eu não alimento nenhuma ilusão
eu não sou como o meu semelhante
eu não quero entender
não preciso entender sua mente
sou somente uma alma em tentação
em rota de colisão deslocada,
estranha e aqui presente
e se a minha balada na hora então errar o alvo
na minha frente ela é cega,
ela é burra
ela é explosão
ela fere rente
ela vai, ela fica a minha bala ela fere rente..."

Pessoa em Desassossego

..."tudo isto é uma imensa inconsciência diversificada por caras e corpos que se distinguem, como fantoches movidos pelas cordas que vão dar aos mesmos dedos da mão de quem é invisível.
Passam com todas as atitudes que se define a consciência, e não têm consciência de nada porque não têm consciência sequer de ter consciência.
Uns inteligentes, outros estúpidos, são todos igualmente estúpidos.
Uns velhos, outros jovens, são da mesma idade.
Uns homens, outros mulheres, são do mesmo sexo que não existe."
Pessoa, no livro do desassossego!

Tudo assim...(não sei o autor)

Deixo tudo assim...
Não me importo em ver a idade em mim.
Ouço apenas o que convém.

Eu gosto é do gasto.
Sei do incômodo e você tem razão quando vem dizer que eu preciso sim de todo o cuidado.
E se eu fosse a primeira a voltar pra mudar o que eu fiz?
Quem então agora eu seria?
Tanto faz que o que não foi não é.
Eu sei que ainda vou voltar...
Mas eu quem será?
Deixo tudo assim...
Não me acanho em ver vaidade em mim.
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.
Sei do escândalo e eles têm razão quando vêm dizer que eu não sei medir nem tempo e nem medo.
Eu não sei mesmo...
Fui tempestade, agora sou vendaval!
Ventania querendo ser brisa.
E se eu for a primeira a prever e poder desistir do que for dar errado?
Ah, ora, se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim;
Dispenso a previsão!
Ah, se o que eu sou é também o que eu escolhi ser;
aceito a condição.
Vou levando assim...
Que o acaso é amigo do meu coração quando fala comigo,
quando eu sei ouvir...

Allegrai-vos mercadores!


Vou me vender em outros mercados...
Perguntando menos, arriscando e afirmando mais...

Barganhas, façanhas, e minhas sanhas...

Não me atrapalha
Ser fio de navalha
Cortando o que não valha
A pena e apenas se espalha...

À venda, compreenda.
Tenho lá meu preço.
Desvenda teus olhos
Encareço de muito mais...


Estou de olho num horizonte diário,
Sem hora marcada ou pré definições.
Estou dançando na vida,

Rindo muito e brincando de esconde-esconde!
Mas é fácil me achar, estou na Allegria do mundo!

Bem de consumo!

Siga corretamente as instruções.

Sou mistura... calmaria e um toque de frenesi.
Tenho loucuras na fórmula original.
Sou o trago do líquido forte, quente e sorvido sem gelo.
Tomo atitudes impensadas num gole só.
Laço palavras soltas no vento.
Feridas e cicatrizes formam a minha superfície.
Lágrimas, muitas gargalhadas e dores são adicionados constantemente para me fermentar...
Assim eu cresço, e no recheio: cores, sabores e despudores.
Use seus dotes pra se lambuzar...
Agite-me antes de usar, se preferir pode esquentar.
Conserva este produto em local livre e arejado!
Após aberta, devo ser consumida enquanto eu tiver vontade.
A validade encontra-se no coração pulsante desta embalagem.
Sou vontade de ser grande e as vezes querer ser só poeira,
Me use para polvilhar.
Não mantenha longe do alcance de gentes em geral.
Este produto não deve entrar em contato com pessimismos, ignorâncias e covardias, há o risco de explosão!
Se TE causar irritação, suspenda imediatamente o uso.
Se ME causar irritação, suspenda imediatamente o meu impulso.
Sou resultante e experiência.
Os níveis de consumo de mim estão na padronagem de segurança.
O uso abusivo, causa dependência.
Sou endêmica, contagiosa e egocêntrica.
Reações adversas:Cada um com a sua,
Efeitos colaterais são prováveis.
Olhos bem abertos, coração acelerado, vontades súbitas de abraçar, bater e me xingar...
Depois de um tempo, vem a necessidade de me entender, de me guardar ou simplesmente enjôos.
E quando enjoar, não jogue o frasco em vias públicas, coloque em local seguro.
O produto muda eventualmente a embalagem, quase nunca o conteúdo...
Estou no seu caminho, plantada no seu jardim aprenda a me cuidar...
Coma-me, beba-me, engula-me...
Não queira me mastigar.
Um dia sou Pedra, noutros flor e espinho!