Dói da Doida!

Dentro da doida Confusa e inquieta.

Bom e mau humor repentes.

Repete dia, muda roupa.

Calada nunca.

Meio nonsense, às vezes em silêncio.

Lê bula.

Não toma veneno.

Chora.

Estante de palavras.

É o desassossego em Pessoa;

Que movimenta de poesia a ida...

A vinda é quase sempre pela madrugada.

Insone e sonolenta.

Amiga da lua brilha etílica...

Antítese, paradoxo, antagonismo, oposição, do contra.

Arruma todo dia.

Sem educação e trivial.

Mulézinha e bicho sentimental.

Bagunça o astrológico sem lógica.

Mapeada no astral.

Intensa, de duplo sentido.

Sente sem te dizer.

Brinca e ri muito!

Dentro da doida

Ser inconstante

É uma festa,

Avalanche de muita coisa misturada.

D'Oxum.

A menina de Oxum
Navega nas águas calmas do teu leito, mãe.
Cada filho parido é solto num correr riacho
Entre pedras e gotas saltitantes.
Queda dágua, que dá asas á menina.
Completa
Mente
Solta...
Ela tem os quadris dançantes.
Petulantes olhos hábeis.
Frágeis e tocantes
Seus encantes...
Feminina, menina de Oxum.
Dança de criança
Lança de aço , fita de laço.
Orvalhada lágrima
Na pétala de flor.
Fecunda o mundo
Inunda a vida de água doce.
Sábia ingenuidade
Astuta mulher em milhares.
Esperta aos olhares.
Faz cortina de véus de sonhos.
Caída a chuva fina
A menina molhada de Oxum
N’água língua transparente
Jangada lambe o manto.
Nua a menina de Oxum.
Passeia pelo mato.
Guarda os segredos sedutores.
Fonte divinal exangue.
A menina de Oxum acalanta o trovão,
Amante da beleza, do vento e
Da prenhês de teu ventre.
Debaixo da sua saia
Sua sanha voraz.
Não caia
Não traia a menina de oxum.
Menina e própria mãe.
Sofre em seu interior.
Chorosa e vingativa
Serpenteando o algoz.
Envenena o doce
Prazer do traidor.
E deixa que as águas o levem.
Lavado na alma.
Aprendiz de coisa alguma!
Aiê menina
Iê ieu mamãe
Toda menina é de oxum!

│O vômito e a ƒôrma│

O início propício
Do mesmo novo de novo
Recomeçar o alheio
Reconhecimento do igual.
O que é o quase?
Dúvida ou dívida?
Quocientes do inconsciente.
Tal lucro, qual loucos,
Insanos.
Brutos,
De rostos pálidos, sorrisos polidos .
Lidos e já listados.
Cópias...
Comecemos a mensurar
Os tratos da verdade
Contratos tantos
Construímos os tratores.
Impiedosos.
Imprevisível é o impossível
O resto é estória.
Historinha...
Conto de fadas, da carochinha.
E ainda assim forjamos o real.
E ainda que minta
A verdade foi roubada.
Os deuses estão de acordo?
Se não...
Me acordem
Dessa metáfora...
Dessa mentira,
Dessa mania
De expor a mesma arte
Sempre na mesma galeria!

É F...(Fé)

Num conto de fadas

Fadado ao fracasso

A liberdade é só outra palavra para nada a perder.

Numa ponta de faca

O fio afiado corta a realidade aguda

Adagas libidinosas

Aguçam o desejo conforme,

Confio.

Num poço ou numa fonte

O sonho do inevitável numa moeda vil.

A força duma forma

Contundente.

Fugindo do óbvio circunflexo

Genuflexório de dores.

A crença é criança ainda...

Nada não significa nada, se não for de graça.

Pago a vista

E aguardo o que me está guardado.

Ventura!

Eu queria querer-te
E amar o amor
Construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
E te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és...
(Quereres - Caetano Veloso)
Seguirei o vento.
Soprada pra outras direções
Um novo momento
Longe das rimas e tufões.
Me esconderei no vão, no vem e vai..
Sem eira, nem beira, sem querer que me queira...
No íntimo, intermédio, meio termo, inteira!
Se o vento me atirar na vida
Serei bem atrevida e lhe direi verdades.
Ser a vítima ou o algoz?
Na verdade eu tinha em mente
Algo bem diferente
Do que você inventou pra nós.
Só cobrei o que me era de direito
O afeto do recosto do teu peito
E agora que está feito
Não reclame, não tem jeito!
Não há momento certo
Não tem teto coberto
Nada apaga o risco do fim
E se era pra ser assim
Então cabe a mim, aceitar o recomeço
!