Eu sou mulher, com sangue nas veias e menstruação.
Eu fui criança, levada, inocente e acreditei em bicho papão.
Cresci e ainda acredito em assombração.
Tenho falhas, tenho medos, principalmente da solidão.
Eu sou uma festa, a própria multidão.
Sou chopp gelado, claro ou escuro, sempre na pressão.
Talvez um bagulho, subindo na contra mão.
Uma certeza, uma constatação.
Gosto de homens, eu tenho tesão.
Gosto de mulheres nelas compreensão.
Gosto de gente, não de bajulação.
Eu tenho amigos, e também tenho irmãos.
Amei pouco, mas sofri a exaustão.
Não sou de rompantes, arroubos de paixão.
Eu penso, existo, sofro, sinto, vivo, grito, choro,falo, escrevo é muita informação.
Odiava matemática, união e intersecção.
Adoro português, mando bem na redação.
Gosto do trivial, mas não sou de arroz e feijão.
Curto praia, pego sol, fujo muito do arrastão.
Gosto tanto de um batuque,e das bossas do Tom.
Rezo, viajo em poesia, valei-me meu São Drummond.
Poesia é minha forma oração.
Já chorei ao término de uma canção.
Sou multimistura, mas não sou de confusão.
Acordo cedo todo dia, trabalho, estudo, malhação.
De noite corpo cansado, jogado na escuridão...
Do meu quarto, no silêncio do seu apagão.
Fecho os olhos e divago, sobre o que deveria ter sido então.
Pego no sono e sei que os sonhos virão.
Quem manda na minha vida? Deve ser o coração.
Estou na pista, seguindo a direção.
Se certo ou errado, abro mão de opinião.
Pode ser que o barco vire, também pode ser que não.
Vou levando meu samba, e vou dando a entonação.
A verdade não existe, a mentira é invenção.
Eu sei que eu existo, prova viva da criação.
Aprendendo com o tempo a usar a tenacidade da razão.
Lendo filosofia, Nietzsche, Sócrates e Platão.
Estou me redescobrindo, Danda em construção.
Em busca do silêncio, dos barulhos, da emoção.
A menina está crescendo, tirando os pés do chão.
Em essência se mostrando, se atirando em alguns vãos.
O resultado, num próximo poema que não terminará em ão e ãos...
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